As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ilha da Madeira *


Ivana Maria França de Negri

Visitar as origens é sempre emocionante. Meu bisavô paterno veio da Ilha da Madeira para o Brasil, aqui casou-se, formou família e nunca mais retornou.
Tive a oportunidade de visitar a Ilha neste réveillon. Um lugar belíssimo, sem índices de criminalidade, chamada de “A Pérola do Atlântico”.
Distante de Lisboa quase mil quilômetros, envolta pelas águas azuis do oceano, possui cerca de 250 mil habitantes. Como em toda localidade européia, tem a parte antiga e a moderna, rodeada de vinhas onde se produz o famoso vinho Madeira.
A cidade de Funchal, capital da Ilha, totalmente voltada ao turismo, tem esse nome por causa do funcho, que é a flor da erva-doce. As árvores frondosas e centenárias e as casinhas típicas enfeitadas com azulejos azuis, emprestam à cidade um ar de sonho. De natureza vulcânica, tem muitas escarpas, morros e paisagens incríveis.
Mesmo no inverno, o clima é agradável. A culinária deliciosa, e os doces, irresistíveis!
Existe o pão do caco, uma iguaria que é oferecida em todos os restaurantes, lanchonetes e hotéis. Feito de uma mistura de trigo, fermento, água e batata doce, assado na pedra e servido quente com pasta de alho e salsa.
Visitar o Mercado dos Lavradores é obrigatório para se conhecer as frutas típicas da região e o artesanato local, um dos mais famosos do mundo. As bordadeiras da Madeira ficam nas portas das casas e das lojas a bordar com perfeição as guarnições de mesa, camisolas, guardanapos, mas os preços são um tanto salgados para quem não ganha em euros, pois tudo é feito à mão, e ao turista, só resta trazer uma peça pequena.
Fizemos um passeio com duração de cerca de três horas, num barco que é réplica da caravela Santa Maria de Colombo. A nau vai até o meio do oceano impulsionada pelos motores, mas quando está bem longe do cais, são desligados os motores,  içadas as velas, e o barco fica ao sabor das ondas e do vento. Uma experiência única, com a tripulação vestida com roupas da época. Dá para sentir ao vivo e em cores as sensações como nos tempos dos descobrimentos, é como se estivéssemos de volta ao século XV. Às vezes se avistam baleias e golfinhos ao redor da embarcação.
Há também vários museus, um Jardim Botânico com árvores ornamentais e frutíferas  e passeios de teleférico ou ônibus turísticos de dois andares.
Mas existe uma atração imperdível, exclusiva da Ilha da Madeira, que são os “carros de cesto”, uma espécie de trenó, sem rodas, trançado em vime que desliza pelas ladeiras em grande velocidade, movidos a cordas pelos “carreiros”, dois homens que usam sapatos com solado de pneus para as freadas. É algo inusitado e diferente e a ladeira de dois quilômetros, percorre-se em menos de dez minutos. Adrenalina pura! Em 1850 era meio de transporte, agora é atração turística. Como o tempo todo os carros de cesto deslizam morro abaixo, as pedras se tornaram polidas e lisas como sabão.
Do alto do teleférico avistam-se nos morros as belas habitações, casas coloridas e floridas, ao contrario do Brasil que possui só barracos nas favelas empobrecendo a paisagem.
Fico imaginando por que meu bisavô imigrou sozinho para o Brasil, aos dezoito anos, para começar uma vida nova no início do século XX.
Fiquei emocionada ao pisar naquele solo de meus ancestrais, reencontrando minhas raízes portuguesas. Pela parte materna meus antepassados vieram da Itália.

Que mistura, que sina... Amo os doces portugueses e as massas italianas!

* texto publicado na GAZETA DE PIRACICABA 21/01/2015
Veja também em CulturallMind

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