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Reunião na Biblioteca

sábado, 2 de novembro de 2013

Parodiando Marina Colasanti, “ eu sei, mas não devia”



Christina Aparecida Negro Silva – 58 anos, diretora de escola, professora, contadora de histórias e hoje, cronista assustada com essa absurda “onda de violência”.

01/11/13
                                                          
Eu sei que estamos todos, ultimamente, assustados com a violência, tão presente em nossa sociedade, haja vista a quantidade de notícias que tratam sobre este tema. Ao ligar a TV, logo cedo, somos “metralhados” por uma série de notícias ruins – acidentes, roubos, agressões de qualquer ordem, abandono, tudo o que nosso humor matinal não gostaria de ouvir. Eu sei que deveria achar que isso é  natural, afinal, a mídia tem que cumprir seu papel de divulgar os acontecimentos, os quais, recentemente são péssimos e em todos os canais; a qualquer hora do dia, as notícias se repetem : bala perdida mata criança na rua , sequestradores seviciam e matam suas vítimas, idosos são ludibriados por marginais, a Cracolândia recebe não sei quantos mais viciados/dia, maluco atira em estudantes dentro de escola...
Meu Deus, para tudo ! Somos tão absurdamente envolvidos que perdemos o bom senso  no trato com outros humanos, nos fatos simples da vida. Agimos desconfiados, temos medo de tudo e de todos,  nossas casas vivem trancadas, lacradas, evitamos sair à noite ou até deixar o carro em qualquer rua. Eu sei que isso é normal, mas não devia ! Não deveria ser normal agir com desconfiança nas atividades corriqueiras do dia-a-dia. Parece que somos controlados pela mídia, seguindo regras ou tendo posturas que desafiam nossa autonomia.
Hoje pude sentir na pele esta teoria a que estou me referindo – as pessoas perderam o discernimento e agem como marionetes controladas pelo senso comum , ou seja,  é preciso desconfiar de todo mundo ! quem quer que seja, é sempre uma ameaça...vejam o que me ocorreu ...
Fui até uma igreja, rezei um pouco e dirigi-me à secretaria, cuja porta de ferro estava entreaberta, a atendente passou por mim rapidamente, fechou a porta e ainda passou o ferrolho. Tomei um choque ! Sou uma senhora de quase 60 anos, ela também já deve estar na casa dos “entas”. Uma vez lá dentro, engaiolada entre as grades da porta , protegida de MIM, disse:
__ Pode falar.
__ ....
__ Pode falar – repetiu em tom mais alto.
Recuperada do susto, balbuciei – quero marcar uma missa de sétimo dia... Era mesmo necessário fechar a porta, passar o ferrolho, atender-me daquela maneira ? O que a fez pensar ( se é que pensou ) sobre mim ? que eu iria assaltar a secretaria ? fazer-lhe mal ? praticar atos delinquentes dentro da igreja ? Meu Deus ! Eu sei que devia entender o cuidado daquela senhora, mas não consigo. Não entendo este exagero a que estamos acostumados a agir por conta dessa  glamourizada  violência que nos cerca. Além do susto e constrangimento por que passei, ficou-me uma dor imensa de saber que todos nós, independente da idade ou modo de agir, sofremos violência gratuita de pessoas simples que , teoricamente, deveriam ter a função ou a missão de nos dar atenção. Apenas isso.
Por isso, reforço : eu sei que a violência é pano de fundo nas atuações da sociedade , mas não devia, ou melhor,  EU não devo conformar-me com isso. Em meio a tantas ações descabidas, somos pessoas que se relacionam no dia-a-dia em várias situações e, no mínimo, soa muito estranho tanta desconfiança nas nossas pequenas interações sociais. Talvez seja este o motivo por haver tantos boletins de ocorrência com queixas de preconceito. Olha, no meu caso, só se for preconceito contra baixinha, gorda e bem madura . Se ela estiver lendo este texto, o preconceito também a ela se aplica.
Que coisa !

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