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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

FÁBRICA DE ZUMBIS

Cracolândia - São Paulo

Pedro Israel Novaes de Almeida

As cracolândias são produtos escancarados da pouca e ineficaz atuação dos governos, no combate ao tráfico e consumo de drogas ilícitas.
Há décadas, nichos urbanos já concentravam legiões de desvalidos, instituindo territórios sem lei, tão insalubres quanto violentos. Ali, o tráfico e consumo de crack ocorriam, e ainda ocorrem, à luz do dia.
Moradores vizinhos pouco experimentaram, até hoje, o direito de ir e vir, submetidos à insegurança e nenhuma garantia cidadã, do anoitecer de cada dia ao alvorecer do dia seguinte. A ação de agentes sociais e sanitários, públicos e privados, sem estruturas de apoio, conseguia salvar um, a cada dez novos integrantes da multidão zumbi.
Viaturas policiais transitavam pelos territórios sem lei, cientes de que a condução de drogados, entulhando delegacias de polícia, redundavam em nenhuma consequência. Longe dos palácios, as cracolândias viscejaram, por todo o país.
Aos poucos, as discussões a respeito do tema deixaram as academias e passaram a frequentar gabinetes e mídias, surgindo propostas de soluções que reconheceram o caráter multifacetado do problema. Alguns irrealistas, contudo, persistem abominando qualquer iniciativa ou colaboração policial.
Só a polícia pode identificar e prender traficantes, e só ela pode garantir a integridade dos agentes sociais e sanitários, em plena cracolândia. Só ela pode conter e conduzir viciados enlouquecidos, violentos e desprovidos de consciência.
A feliz idéia da internação na marra, abrandada para “tratamento compulsório” , angariou um exército de discordantes, que apontam a pouca eficácia médica da medida e o desrespeito ao livre arbítrio do viciado. O viciado, milhares, já não dispõe da capacidade de arbitrar livremente seus quereres.
Aliás, os entendimentos devem preservar o direito de ir, vir e estar, em segurança, dos milhões de brasileiros que não traficam nem são viciados. A sociedade possui o direito de não esbarrar em cracolândias, embora estas sejam consideradas problemas de ordem social.
Pelo interior afora, pequenos ajuntamentos humanos, solenemente ignorados, enunciam novas cracolândias, onde só as pedras possuem o direito de ir e vir, livremente. As redes de ensino, públicas e privadas, pouco ilustram e alertam a respeito das drogas ilícitas.
A iniciativa paulistana, de fazer perambular legiões de viciados, foi de fato intempestiva, não só pelo atraso de décadas, mas por não contar com pontos de chegada. O crack têve, na pouca e ineficiente ação oficial, seu maior colaborador. As soluções tardaram, e agora são mais difíceis e onerosas.

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