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Reunião na Biblioteca

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O CASARÃO


Leda Coletti

Falar do casarão é nos remeter ao passado. Nele não convivi, mas é familiar pela história contada por nossos antepassados, sobretudo a “mama”.
Era e ainda hoje continua imponente, no sítio da Santa Fé. Branco, com portas e janelas azuis, a sacada principal olha para as ruínas do velho engenho de aguardente. Era por ali que eram recebidas as visitas importantes, os vizinhos e os frades que vinham celebrar missa uma vez por mês na capela do local.
Mas, era no terreiro na parte lateral que girava grande parte do cotidiano dos seus moradores. A moçada se sentava na pequena mureta que o separava da porta da cozinha, para bate-papos geralmente à tardinha, quando voltavam da roça. Durante o dia usavam-no para secar o café, o arroz, feijão.
E nos dias de festa? Virava palco para as festas juninas, religiosas e animados bailes, todo enfeitado com bandeirolas e bambus.
Abrigava a família de onze filhos, nos seus inúmeros cômodos. Poucos tinham forros de madeira e com exceção da sala de visitas, o piso era de tijolo rústico. Muitos bancos de madeira supriam o mobiliário da cozinha, onde alguns serviam de assento e outros eram usados para colocar os utensílios de cozinha, como as tinas com água, buscadas no poço que ficava ao lado da cozinha.
A partir das lembranças das tias e da “mama”, ele tinha muita poesia e era porto seguro para todos, nos dias de tempestades, tanto as da natureza, como as pessoais. Que falta lhes fazia, quando a forte chuva os pegava desprevenidos na roça, sem tempo suficiente, para nele serem acolhidos! O vento forte que soprava nas noites, sobretudo as frias, não os atemorizava, porque se sentiam protegidas por suas paredes fortes e também pela força da união e carinho dos familiares, sobretudo dos nonos.
Você casarão me faz sentir orgulho dos meus ancestrais, saudade do nono de bigode e gravata borboleta, da nona com vestido de riscado arrastando nos pés! Ambos, sempre com um sorriso nos lábios a receber alegres, os filhos e os netos.
E hoje ao vê-lo na tela numa das paredes de nossa casa, evoco o tempo bom para mim- da metade do século passado- e para os meus pais,- o das primeiras décadas do século XX. Às vezes penso ..”.Não seria bom retroceder no tempo e voltarmos a viver um período tão bom de nossas vidas? Ah! Se o casarão falasse, quantas coisas ele nos contaria!”

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