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Reunião na Biblioteca

domingo, 18 de setembro de 2011

Dia do livro infantil e a obra de Thales Castanho de Andrade





Ivana Maria França de Negri

Alguns locais da internet indicam 2 de setembro como o Dia Internacional do Livro Infantil. Em outros, a data é marcada como sendo o Dia Nacional do Livro Infantil.
Independente de a data ser comemorada nacional ou internacionalmente, o importante é lembrar que as crianças devem ser sempre estimuladas à leitura de bons livros, elas que representam o futuro.
A literatura infantil, quer escrita quer contada, é fascinante. Crianças adoram ouvir, ler e também contar histórias.
Minha neta de quatro anos tem predileção pelo livro El Rei Dom Sapo de Thales Castanho de Andrade. Meu marido contou certa vez a historinha e ela gostou tanto que pede que ele a reconte todos os dias. O personagem Agapito é o seu preferido.
Certa vez, passeando no Shopping, estávamos na livraria Nobel e duas moças, contadoras de histórias, entretinham um pequeno grupo de crianças. Com roupas coloridas, trejeitos e gestos espalhafatosos para dar ênfase a cada frase, as contadoras pareciam mesmo encantadoras de crianças.
Ana Clara se interessou pelas histórias e sentou-se no tapetinho com as outras crianças para ouvir também. Quando as moças terminaram, pediu: - “Conta agora a história do Agapito!”. As duas contadoras de histórias se entreolharam. E ela continuou: -“meu avô sabe!” Ao esclarecermos que era um personagem do livro de Thales Castanho de Andrade, elas confessaram não conhecer nem a história e nem o autor.
Fiquei triste. Como duas piracicabanas contadoras de histórias desconhecem quem foi Thales Castanho de Andrade? Alguma coisa deve estar errada. Thales é considerado o fundador do gênero infanto-juvenil, que antes era atribuído a Monteiro Lobato. Constatou-se que Thales publicou o livro “A Filha da Floresta” em1919 e Lobato editou “Reinações de Narizinho” três anos depois, em 1922. Lobato foi destituído do título que passou a ser de Thales.
Ele viveu em Piracicaba toda a sua vida. Estudou e formou-se no Sud Mennucci, lecionou lá por muitos anos e também no Colégio Piracicabano e em outras escolas da zona rural. Inclusive, foi vereador da Câmara Municipal de Piracicaba. Editou dezenas de títulos da Coleção Infantil “Encanto e Verdade”, hoje ausentes das livrarias.
Eu penso que os livros de Thales deveriam ser mais divulgados e reeditados para que as novas gerações tivessem acesso a sua obra.
Numa época em que nem se falava em ecologia, Thales foi precursor da luta em prol da natureza e era mesmo um ecologista nato.
Sua obra “A Filha da Floresta” fala sobre a devastação das florestas. “El Rei Dom Sapo” conta a história do Agapito, menino rejeitado e de má índole, mas que depois de vários acontecimentos, muda suas atitudes e passa a ser um defensor da natureza. São obras belissimamente ilustradas pelo artista Alípio Dutra e publicadas pela Editora Melhoramentos, dignas de serem adotadas por escolas de todo o país, e divulgadas mais amplamente para que contadoras de histórias piracicabanas se inteirem delas e passem a contá-las.
Uma sugestão ao fundo de apoio à cultura da cidade, reeditar o rico acervo de Thales Castanho de Andrade para que seu legado, de cunho ecológico e educativo, seja conhecido pelas novas gerações. Afinal, esse gênio, idealizador do gênero infanto-juvenil, esteve muito além do seu tempo, e seus livros são conhecidos internacionalmente. Pena que santo da casa não faça milagres.


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