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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eu não quero ser chique!


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Eu não quero ser chique!
Ivana Maria França de Negri

O inverno chegou. A temperatura cai alguns dígitos e as pessoas já começam a procurar nos armários os abrigos, mantas e cobertores.
Com o clima mais ameno, o vestuário mais pesado como blazers, paletós e as lindas estolas de crochê, última moda, faz com que as pessoas fiquem mais charmosas.
Mas certas peças usadas no inverno, que os estilistas insistem em ressuscitar todo ano, os casacos de pele, são no mínimo de gosto duvidoso, e o fato de usá-las, um ato antiecológico.
O que há de belo em envolver-se com a carcaça de um animal que foi morto com crueldade para a retirada de sua pele? Deus criou para ele a linda pelagem e ninguém tem o direito de lhe tirar a vida apenas para se apossar de sua pele. E todos sabemos a maneira desumana como isso é feito.
Focas filhotes são mortas a pauladas diante das mães desesperadas, que nada podem fazer para salvar as crias. Em época de matança, as areias das praias se tingem de vermelho. Correm por elas rios de sangue. É uma selvageria que não dá para compreender, pois vem dos humanos, ditos racionais, apenas para que algumas mulheres fiquem mais “chiques” no inverno, pagando preços altíssimos para obter peças desse mercado oriundo da morte.
Nas criações de chinchila e de outros animais de pequeno porte, são necessários dezenas deles, em alguns casos, centenas, para se fazer uma única estola. Os animais são colocados em compartimentos molhados e em seguida eletrocutados. Alguns são mortos por asfixia. Outras indústrias mais cruéis, não querem gastar um tostão a mais para dar morte menos dolorosa e mais digna, e despelam o animal vivo. Cortam as quatro patas e descarnam a pele, jogando o que resta dele ainda em convulsões, em câmaras incineradoras, como se fossem meros objetos e não seres vivos, de sangue quente, que sentem dor, medo e pavor como os nós, humanos (?). A ganância em obter lucro nesse comércio fala mais alto do que a ética.
Na idade das cavernas era admissível o uso de peles porque existiam apenas o homem primitivo e o animal, num confronto de igual para igual, naquele mundo restrito.
Não vejo graça alguma em usar peles de animais. Tantas damas chiquérrimas, que não deixam seus filhos terem animais de estimação porque dizem que pêlo dá alergia, guardam bichos mortos em seus armários ou os tem sob os pés como tapetes. Peles emboloradas, cheias de ácaros, cheirando a mofo e naftalina. Talvez elas nunca tenham parado para pensar nessa insensatez. O que há de belo na morte cruel de um ser que tinha um coração semelhante ao dos humanos pulsando dentro do peito, apenas para roubar a sua pele?
As pessoas são muito incoerentes. Às vezes, morrem de dó de um cachorrinho na rua, mas fecham os olhos para outras atrocidades e são coniventes com esses crimes.
Se o preço de ser “chique” é esse, não quero ser chique não! Mil vezes usar tecidos e peles sintéticas que não trazem embutidos em sua história sofrimento, sangue e dor.
Terceiro milênio. O costume pré-histórico de se usar peles não tem mais razão de ser. A tecnologia avançada cria tecidos das mais variadas texturas e cores, de beleza e praticidade incríveis. O preço da vaidade é alto demais. Custa muitas vidas inocentes e causa sofrimentos que poderiam perfeitamente ser abolidos, ainda mais quando temos a consciência de que muitos desses animais estão na lista negra da extinção.

2 comentários:

Mel Redi disse...

PARABÉNS!! Abraço, Mel

Dirce Ramos de Lima disse...

Certissimo!
Com tantas, opções è humano e piedoso que animais sejam excluidos dessa moda insana!
Se seremos menos "chiques" com imitações, não sei, mas seremos seres melhores e mais civilizados!